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Número 48 | 03/04/2012 a 03/05/2012

A inclusão no mercado de trabalho: Como empresas e profissionais podem incluir pessoas com deficiência, as dificuldades e a importância de fazê-lo


A importância de incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho vai além de simplesmente contratá-las para cumprir o artigo 93, da Lei Federal 8.213/91. O texto obriga empresas com cem ou mais empregados a preencherem de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas. As empresas têm a missão de gerar emprego para todos os segmentos da sociedade. Além disso, a inclusão permite resgatar a cidadania dos profissionais com deficiência que, se tornando produtivos, passam a ser responsáveis por si mesmos, explica a professora Regina Corradi, coordenadora do curso de Gestão de Pessoas, do IEC, na unidade São Gabriel.

Porém, a inclusão não está somente ligada à contratação. A professora Rosa Maria Corrêa, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos e Inclusão (NDHI), ligado à Pró-reitoria de Extensão da PUC Minas, diz que a diferença entre a integração e a inclusão das pessoas está na relação que a empresa estabelece com esses profissionais. Contratá-los, mas deixá-los sem trabalho ou exercendo funções aquém de suas capacidades é integrar, mas não incluir. “Não se deve associar o trabalho às deficiências, mas às potencialidades”, enfatiza a professora.

Por outro lado, quando decidem incluir, as empresas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais com deficiência que sejam qualificados.  “Historicamente, as pessoas com deficiência não foram para a escola ou foram para escolas especiais”, o que ocorreu em função do preconceito, de acordo com a professora Rosa. O cenário da baixa qualificação vem mudando: o número de pessoas com algum tipo de deficiência matriculadas em cursos de graduação saltou de 2.173, em 2000, para 16.328, em 2010, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC).

Com o objetivo de melhorar a capacitação das pessoas com deficiência, o NDHI da PUC Minas promove cursos básicos e gratuitos que contribuem para a inserção no mercado de trabalho. Já o Instituto Ester Assunção, por meio do projeto Rede Ester Empregabilidade e Inclusão, propicia novas possibilidades de inserção de trabalhadores com deficiência no mercado através da articulação com as organizações. “Como as empresas e instituições precisam cumprir a quota, incentivamos a implantação de um projeto inclusivo que contemple ações apropriadas para empresas receberem trabalhadores com deficiência”, explica o coordenador de projetos do instituto, Lúcio Mauro dos Reis. A PUC Minas é umas das parceiras do Ester Assunção no que se refere à capacitação de profissionais.

Além da contratação, as organizações inclusivas precisam pensar nas necessidades dos trabalhadores com deficiência. “As empresas às vezes precisam fazer adaptações arquitetônicas e também devem sensibilizar os outros funcionários para receber e, principalmente, acreditar nas pessoas com deficiência”, diz a professora Rosa.  Ainda segundo ela, é importante criar condições para aproveitar o potencial das pessoas. Apesar da oferta de postos de trabalho, em função do cumprimento da lei, os trabalhadores com deficiência também têm alguns problemas. Clara* é cadeirante e acredita que os usuários de cadeiras de rodas sofrem por que os empregadores não acreditam na independência deles e pensam que necessitam de ajuda para as atividades diárias. Ela conta ainda que, apesar de ter investido num curso de pós-graduação no IEC voltado para área em que atua, não recebeu nenhum tipo de promoção ou reconhecimento. “Em geral, o deficiente, por mais que se esforce, não costuma ser promovido”, se queixa a auxiliar que atua na área administrativa.

Margaret Domiciano, funcionária do setor administrativo de uma empresa do ramo da mineração, partilha da mesma opinião. Ela é formada em Filosofia e pós-graduada em Filosofia Contemporânea pelo PREPES PUC Minas. Margaret sofreu de Esclerodermia – uma doença auto-imune rara - aos seis anos de idade, o que fez com que ficasse com algumas sequelas na parte motora de seu corpo. “Na vida profissional, às vezes ela [a exclusão] está muito presente no que diz respeito a oportunidades de promoções”. Ela explica que é difícil de ocorrer e exemplifica: “Você fica na mesma função a vida toda, pede uma oportunidade ou muda de emprego, o que sempre foi o meu caso”.

Já Thales Douglas Moreira, que é surdo, atualmente se sente incluído e valorizado no seu trabalho, como auxiliar administrativo, no Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais da PUC Minas (NAI). “As coordenações e os funcionários ouvintes têm consciência, me respeitam e confiam em mim, além de reconhecer minha capacidade”, explica Thales. Porém, em outros empregos, ele conta que sofreu preconceito, talvez por falta de informação por parte das chefias e dos colegas, explica. Ele, que é formado em Letras, é também aluno do PREPES PUC Minas do curso Docência e Gestão do Ensino Superior: novas linguagens, novas abordagens.  Sobre a experiência como estudante, ele ressalta que se sentiu incluído e que os professores acreditaram nele e afirmaram que a presença dele em sala foi muito importante, “porque tenho o futuro e o sonho”, diz.

* Nome fictício

Dicas para uma Convivência Respeitosa com a Diversidade **

• Tenha sempre em mente que conviver com a diversidade é uma oportunidade importante na vida de cada um de nós.
• Faça um esforço para enxergar sempre a pessoa e não a deficiência; ninguém gosta de ser visto pelo prisma das limitações.
• Trate a pessoa com deficiência com a mesma consideração e respeito com que você trata as demais pessoas.
• Quando quiser informação de uma pessoa com deficiência, dirija-se a ela e não aos intérpretes ou acompanhantes.
• Quando puder, ofereça ajuda e pergunte qual a melhor forma de colaborar. O próprio funcionário com deficiência, auxiliará você quanto a melhor forma de ajudá-lo.
• Trate a pessoa com deficiência como alguém com limitações específicas da deficiência, porém com as mesmas qualidades e defeitos de qualquer ser humano.
• Permita que a pessoa com deficiência desenvolva ao máximo suas potencialidades, ajudando-a apenas quando for necessário.
• Chame a pessoa com deficiência pelo nome, como se faz com qualquer outra pessoa.
• Permita que a pessoa com deficiência, tenha direito às suas emoções, qualidades e defeitos.
• Pense sempre que você pode aprender e crescer muito convivendo com pessoas que se comunicam, se locomovem e fazem leituras do mundo, de forma diferente das suas.

** Dicas adaptadas do site do NAI

23/03/2012

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