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Só podia ser mulher!

A frase acima é repetida, com frequência, em uma alusão negativa à figura feminina. No dia 8 de março, em que é comemorado o Dia da Mulher, a PUC Minas homenageia as mulheres que contribuíram com grandes feitos, mostrando que ações valiosas também são realizadas no universo feminino. A campanha, que estará nas redes sociais da Universidade, ressignifica o discurso de uma forma positiva e renova o apelo ao respeito entre os gêneros. 

Um dos ambientes em que a expressão “só podia ser mulher” é mais pronunciada é no trânsito. De acordo, entretanto, com os dados do Relatório Anual da Seguradora Líder, divulgado no ano passado, as mulheres são mais cuidadosas quando o assunto é trânsito. Das mais de 328 mil indenizações pagas pelo Seguro DPVAT no ano passado, apenas 25% foram para vítimas do sexo feminino. 

A professora Carolina Mesquita de Oliveira, mestre em Psicologia em Intervenções Clínicas e Sociais, conta que, ao ouvir a expressão, outros diferentes estereótipos vêm a sua mente. “A mulher é quem deve cozinhar para a família, arrumar a casa, orientar os filhos, exercer sua profissão, ser independente, estar sempre arrumada, entre outras frases me vêm à cabeça”, comenta. “Não concordo com a padronização dos afazeres domésticos e familiares atribuídos massivamente às mulheres, mas olhando para a trajetória feminina, na luta e força das mulheres, vejo que sim; só mesmo uma mulher poderia dar conta de toda essa carga atribuída a ela”, complementa a professora, apontando também que vê uma mudança positiva no dia em que é comemorado o Dia da Mulher. “Hoje, vemos um movimento de ‘menos chocolates e flores, e mais respeito e diálogo’ e isso é muito interessante”, aponta Carolina. 

A psicóloga observa que muitas foram as conquistas das mulheres ao longo de todos os anos de luta pela igualdade, mas ainda há um longo caminho pela frente. Para Carolina, é preciso falar mais abertamente sobre igualdade de gênero, sororidade e feminicídio. “Muitas vezes, as temáticas são diluídas em meio a outras informações e o debate não acontece de forma clara”, aponta Carolina. “A falta de debate também contribui para que o preconceito exista de mulher para mulher. Muitas nunca ouviram falar sobre sororidade, uma perspectiva diferente da qual fomos criadas. É preciso entender que as diferenças sempre vão existir como de raça, classe social, faixa etária, profissão. Mas existe uma coisa muito forte que nos une: que é sermos mulheres, que é lutarmos por nossos espaços”, complementa a professora. Sororidade é a união e aliança entre mulheres, baseada na empatia e companheirismo, em busca de objetivos comuns.

Carolina também faz um alerta importante sobre o número de feminicídios. “Sempre que tenho a oportunidade de falar sobre igualdade de gênero, gosto de ressaltar que as diferenças matam as mulheres. Temos, hoje, um registro alarmante: a cada duas horas, há um feminicídio. Ou seja, são doze mortes por dia e nós precisamos falar abertamente sobre isso”, aponta a professora.

Jornada dupla

De acordo com o estudo Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e divulgado em 2017, as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens semanalmente devido à dupla jornada, o que inclui tarefas domésticas e trabalho remunerado. “Um fato curioso sobre a jornada dupla das mulheres é que em todos os anos lecionando, já vi diferentes alunas levarem seus filhos à sala de aula. Infelizmente, nunca vi um aluno levar seu filho, e isso também reflete os padrões atribuídos às mulheres de terem que dar conta de tudo”, enfatiza a professora Carolina Mesquita.

Ocupando espaços

Com todas as suas atribuições, as mulheres vêm ocupando cada vez mais espaço no mundo do trabalho e muitos desses lugares eram, há algum tempo, massivamente ocupados por homens. O setor de segurança do Campus Contagem é um exemplo disso. Desde que a equipe foi internalizada, em julho de 2016, ela está sob a gestão de Carolina Régio, que conta com o auxílio de duas encarregadas e uma auxiliar administrativa para comandar as 17 mulheres e os 52 homens que compõem o grupo. Este número ainda não é equilibrado, mas já é maior que o da equipe anterior, quando apenas duas mulheres faziam parte do quadro de funcionários da empresa terceirizada que atuava no Campus.  “Precisamos ter mulheres em todas as atividades e em todos os horários, porque se tiver alguma demanda específica - uma ocorrência envolvendo uma mulher ou a necessidade de entrar em determinado recinto, por exemplo, um banheiro - precisamos ter uma mulher para acompanhar. Nós pensamos no lado estratégico, mas também pensamos em quebrar esse paradigma”, explica Carolina, que é formada em Segurança Pública desde 2011. 

“Eu vim trabalhar na Universidade, em outro setor, e não imaginava que um dia pudesse surgir esse convite de comandar a segurança. O destino me levou de novo para essa área”, conta Carolina, que se sentiu acolhida ao perceber que no Campus não há diferenciação de função por gênero. “Temos técnicas no laboratório de Engenharias, temos mulheres na Infraestrutura, em todos os setores. Isso é um fator motivacional pra eu tentar, a cada dia, buscar me aperfeiçoar mais porque quando a gente pensa em segurança a gente pensa na figura masculina. Mas, na verdade, o que a gente observa, inclusive nos cursos de formação, é que a nossa maior arma é a nossa fala e a nossa caneta. Então, uma vez que o profissional é capacitado, independentemente do gênero, ele tem condições de desempenhar bem aquela função”, opina. 

Carine Ribeiro faz coro à opinião de Carolina. Com experiência de dez anos na área de segurança, ela está há dois anos e meio na equipe do Campus Contagem. “Às vezes não somos respeitadas, somos vistas como frágeis. No entanto, eu acho que a igualdade é para todos. O espaço está para quem tem competência, independentemente do gênero. Somos capazes de desenvolver qualquer atividade, basta querer, estar apta e ser aquilo que realmente queira fazer. É uma área que eu gosto, é algo que eu estou fazendo porque eu realmente gosto de fazer”, conta Carine, que foi promovida de vigia a encarregada de segurança no fim do ano passado.

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