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Na linha de frente no combate à Covid-19

O primeiro caso de coronavírus foi confirmado em Minas Gerais no início de março deste ano. Era o início de um longo período de mudança de rotina e de hábitos para milhões de pessoas.  Entre os que tiveram a rotina de trabalho e pessoal mais impactada estão os profissionais de saúde. “As videoconferências nunca foram tão comuns, mas a ausência do toque e os sorrisos encobertos pelas máscaras fazem muita falta”, reflete a médica do posto médico do Campus Contagem Angélica Gomides dos Reis Gomes, que trabalha na PUC Minas há mais de três anos e atua, também, em dois hospitais da rede particular na região metropolitana de Belo Horizonte. Além dos atendimentos hospitalares, Angélica tem acompanhado de perto os atendimentos na UTI do Hospital das Clínicas em Belo Horizonte. Assim como Angélica, o técnico de Enfermagem Fernando Goulart, que também faz parte da equipe do Posto Médico da Universidade, no Campus Poços de Caldas, tem vivido de perto a dura realidade de quem está na linha de frente de combate ao vírus. Fernando trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da cidade de Poços de Caldas há mais de 13 anos. “Tem sido uma experiência inédita, mesmo tendo já trabalhado na linha de frente do HIN1, Zika Vírus, Dengue  Chikungunya e Ebola”, relata.  “A Covid-19 tem um alto poder de infecção. A nossa rotina mudou muito, os cuidados com pacientes com qualquer sintoma relacionado à síndrome gripal e o medo iminente que nos assola a cada plantão. Medo de ser infectado ou infectar algum familiar”, comenta Fernando. “A família é a minha maior preocupação. Enfrentamos um inimigo invisível. Em cada plantão ou atendimento que realizo, ou o momento crítico da desparamentação, após retornar de um atendimento confirmado ou suspeito a primeira imagem que vem a minha mente é da minha família. Mesmo tomando todos os cuidados o medo é iminente”, afirma.

Angélica também menciona a desparamentação como um momento que exige grande cuidado dos profissionais. “O risco de contaminar ao vestir ou tirar a roupa é alto, além de termos pouco material disponível para uma demanda elevada, portanto, passamos horas sem ir ao banheiro, alimentar ou simplesmente beber água para evitar todo o processo e uso exagerado dos EPI. A higienização dos equipamentos e EPI reutilizáveis (como estetoscópio, óculos e face shield) e as trocas de roupas demandam um tempo maior ao início e ao final do plantão, sendo necessário chegar mais cedo e, geralmente, sair mais tarde”, completa. Ela menciona também a preocupação com a família. “No carro, separei algumas áreas para guardar os materiais usados no hospital e que não sobem mais para casa. Tem também um álcool gel para higienizar as mãos, o volante, freio de mão e cinto de segurança, que são as áreas mais expostas. Ao entrar em casa, criei o “cantinho covid”, onde tem álcool líquido e em gel e local para deixar as roupas e sapatos do hospital”, explica. “Vou imediatamente para o banho. Depois do banho higienizo o celular. As roupas do trabalho são lavadas separadamente das demais e a máquina é higienizada com água sanitária depois”, relata.

 

Rotina na UTI

Angélica faz mestrado na UTI do Hospital das Clínicas, onde acompanha projeto de pesquisa de coleta de dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais desses pacientes, além de exames de radiografia, tomografia e ultrassom à beira do leito. Trata-se de estudo observacional com o objetivo de acompanhar como a doença se manifesta na população brasileira e definir quais exames poderiam ser utilizados de forma eficiente e mais acessível no manejo desses pacientes, sem gerar gastos exagerados para o sistema público de saúde. A médica relata também as dificuldades do momento pelo qual está passando a RMBH. “Os profissionais de saúde que ainda não adoeceram se sentem esgotados, cansaço físico e mental, e muitos dos que adoeceram ainda se recuperam. Vivenciamos a falta de exames para diagnóstico, falta de exames para excluir outras doenças, falta de medicamentos, equipes desfalcadas por adoecimento dos profissionais”, menciona Angélica. “Estamos vivendo um período inédito nas nossas vidas e, por isso, traz muita insegurança, reflexão e aprendizado”, finaliza.

 

Lições da pandemia

 

“Vejo o desafio como um ensinamento, um legado para todos nós profissionais de saúde e população em geral. Tudo isso, na minha opinião, se resume a empatia, resiliência, paciência, auto cuidado e disciplina. Esses, sim, são os maiores desafios”, destaca Fernando a respeito do momento que estamos vivendo. Para Angélica, a pandemia de coronavírus deixa vários legados sob diversos aspectos. “Entre eles, entender o Sistema Único de Saúde como estratégia para definir as políticas de saúde pública, a importância da ciência e o valor dos pesquisadores, a importância da vacinação como medida capaz de imunizar grande parte da população e a importância das relações humanas, da socialização, dos abraços e do toque”, pontua. Angélica destaca ainda a importância do auto-cuidado e da medicina preventiva, temas destacados em entrevista para a sessão Bem-estar desta edição do No Ponto.  “O tratamento e acompanhamento das doenças crônicas, pouco sintomáticas, geralmente são desvalorizados pelo próprio paciente, mas os deixam mais vulneráveis a várias complicações, dentre elas a Covid-19”, explica. E reforça: “As poucas certezas que temos é de que o isolamento social ajuda a não sobrecarregar o sistema de saúde (seja público ou privado), o uso de máscaras e a higienização de mãos realmente diminuem a transmissibilidade na comunidade”. 

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