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Nos últimos meses a COP 26, a maior e mais importante conferência mundial sobre o clima, preencheu grande parte dos noticiários e discussões. A mudança climática passou a ser entendida como uma emergência global. Apesar de acordos firmados anteriormente, o mundo continua caminhando em direção ao aumento da temperatura global de pelo menos 2,7°C neste século. Um aumento desta magnitude pode significar também o aumento das áreas queimadas por incêndios florestais, perda de habitat de um terço dos mamíferos no mundo e secas frequentes.
Apesar de parecer que importantes decisões sobre o clima e sustentabilidade sejam responsabilidade apenas dos grandes líderes mundiais, a realidade é que a ação individual também pode fazer a diferença para o planeta. “Temos o (péssimo) hábito de apontar o dedo para o outro e responsabilizá-lo pelas mazelas que nos afetam. É preciso, e urgentemente, que todos possam refletir sobre o seu próprio modo de ser e estar no mundo e entender como as nossas atitudes impactam o todo. Fazer uma profunda reflexão sobre a responsabilidade de cada um”, explica a professora do Curso de Ciências Biológicas Virginia Simão Abuhid. “Somos a espécie mais numerosa e mais amplamente distribuída pelo planeta e também com o modo de vida mais predatório. Se cada um, ou pelo menos muitos de nós, fizermos escolhas mais adequadas, a ação individual pode ter um grande impacto”, destaca.
A professora destaca também a importância da educação. “Atitudes só mudam se as pessoas internalizam e se apropriam de valores, especialmente de respeito consigo mesmo, com o outro, incluindo as gerações futuras e com o ambiente”. A boa notícia é que a pesquisadora, que atua nas áreas de educação e formação de professores, educação em saúde e em sustentabilidade e na Agência de Desenvolvimento Regional Integrado (Aderi) da Arquidiocese de Belo Horizonte, com a gestão de projetos educativos e socioambientais, avalia que temos mudanças nas leis e temos construído políticas estruturadas e consolidadas, presentes inclusive nas escolas e universidades por meio de iniciativas importantes. “Mas é fundamental entender que tratamos de uma educação dos sentidos – ver, ouvir, tocar, sentir o outro, suas faltas e suas necessidades para uma vida digna. Falamos assim de uma educação para o desenvolvimento de valores fundamentais de justiça, paz e solidariedade. Caso contrário, até saberemos o que pode ser feito para favorecer um mundo sustentável, mas não saberemos por que ou para que”, afirma.
Dieta sustentável é também mais saudável
Virgínia explica que toda escolha sustentável faz diferença: “A forma como consumimos, a forma como utilizamos os recursos naturais, no modo como geramos e descartamos resíduos e, especialmente, como nos relacionamos com o outro – pessoas e planeta”. Mas você sabia que até mesmo nossos hábitos alimentares têm impacto na saúde do planeta?
Uma dieta sustentável é aquela que não prejudica o meio ambiente e garante alta qualidade nutricional para quem a consome. É o caso dos cereais integrais, as castanhas e principalmente as frutas, verduras e legumes. “Os alimentos sustentáveis são aqueles que, em seu modo de produção, não comprometam as bases ambientais, econômicas e sociais e que proporcionam segurança alimentar e nutricional para as pessoas”, explica a nutricionista do Ambulatório de Nutrição da Unidade Barreiro Marina Rodrigues Aguiar.
Por outro lado, os alimentos de origem animal, como carnes e leites, são aqueles que geram mais emissões de gases que causam o efeito estufa. Os gases de efeito estufa são divididos em três tipos principais: dióxido de carbono (combustíveis fósseis para gerar energia para as máquinas agrícolas, por exemplo), metano (do sistema digestivo dos ruminantes – do gado) e óxido de hidrogênio (dos fertilizantes). “Pesquisa desenvolvida sobre o tema pela Universidade Federal de São Carlos concluiu que as carnes que são mais prejudiciais ao planeta são as de caprinos (cabra), seguido pela bovina ( boi, búfalo), ovina (ovelhas, carneiros) e pelo leite. As carnes de frango e suínas (porco) são as que apresentaram menores emissões respectivamente. O ovo foi o alimento de origem animal com menor emissão”, explica Marina.
A boa notícia é que os alimentos sustentáveis são saudáveis para o nosso planeta e também para a nossa saúde. A ideia de sustentabilidade nos leva a dar preferência para alimentos in natura ou minimamente processados, fazer uso consciente de óleos, gorduras e açúcares em pequenas quantidades, limitar o consumo de alimentos processados e preferir consumir, sempre que possível, alimentos orgânicos e agroecológicos da economia local. “Isso significa que os nutrientes disponíveis nesses alimentos estarão mais biodisponíveis do que em alimentos de economia comum, em larga escala, que são produzidos fora de seu período de sazonalidade, de safra, e com isso demandam recursos não naturais para produção, como agrotóxicos, que impactam negativamente na nossa saúde”, frisa Marina.
Lembrando que uma dieta saudável pode prevenir uma série de condições como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM tipo 2); Sobrepeso e Obesidade; Doenças cardiovasculares (DCV’s), além de alguns tipos de câncer, principalmente de cólon, mama, próstata e esôfago. “E muito mais que evitar, uma dieta mais saudável, sustentável, pode beneficiar os indivíduos em relação a diversos aspectos da vida, como melhora de qualidade de sono, função intestinal, estresse, disposição e, diante de tudo isso, um aumento da expectativa de vida, que será refletida não só em anos a mais, mas anos bem vividos, com qualidade”, conclui Marina.
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