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Número 43 | 20/06/2011 a 20/08/2011

“É preciso levar o Design a um outro nível, muito mais estratégico do que normalmente é visto”.

Crédito: Arquivo Pessoal
Crédito: Arquivo Pessoal

Eduardo Loureiro atua em projetos para produtos digitais há nove anos. Graduado em Comunicação Social com habilitação em Produção Editorial e pós-graduado em Design de Interação, pelo IEC PUC Minas, atualmente é co-fundador de uma empresa na área de Design.

Faz parte de uma equipe de profissionais que ajuda empresas a criar, reinventar ou inovar em negócios, produtos, serviços ou marcas, que segundo ele, soma o pensamento estratégico à visão holística do designer.

Começou atuando como web design e design visual e trabalha como Experience Designer fazendo planejamento, criação de estratégias e design (projeto) para produtos, serviços e processos.

Seu trabalho baseia-se na filosofia de desenvolvimento do design centrado nas pessoas (pesquisa, prototipagem e avaliação).

- Fale um pouco a respeito da sua trajetória profissional, fazendo um breve histórico da sua carreira e da atuação no mercado de trabalho.

Comecei a trabalhar com web design, em 2002, em uma agência web. Pouco tempo depois, em paralelo, comecei a atuar no setor de Tecnologia da Informação de uma instituição educacional de ensino superior, como Designer de Interface. Em 2004, fui contratado e passei a ser o responsável pelo web site, assim como os hotsites, campanhas online, sistemas online e as intranets da instituição.

Em 2007, após iniciar a pós-graduação em Design de Interação, no IEC  PUC Minas, tive a oportunidade de trabalhar, especificamente, na área de Design de Interação em uma empresa, em Belo Horizonte, que trabalhava exclusivamente com pesquisas de usabilidade e projetos de Arquitetura de Informação, Design de Interação e Design da Experiência do Usuário.
Pouco tempo depois, me tornei o coordenador da equipe de Design da Experiência do Usuário. Neste local, tive a oportunidade de trabalhar em projetos de grandes clientes.

Nesse tempo, também realizei trabalhos como freelancer em projetos para  empresas, no ramo da comunicação, de coméstico e de ensino. Em 2010, com o objetivo de trabalhar em projetos que extrapolassem a WEB e que envolvessem novas formas de interação e novas tecnologias, fui trabalhar com Experiência do Usuário na 3bits – Estúdio Criativo. Embora tenha sido rápida a experiência foi riquíssima e fiz bons e eternos amigos por lá.

Então, no começo desse ano, surgiu a oportunidade de construir minha própria empresa com mais quatro amigos, a Voël, que entende inovação em design como um processo construído junto com pessoas e não somente feito para elas. No mês de maio, tive a oportunidade de ministrar um curso sobre Comunicação e Internet e, também, passei a fazer parte da organização do Interaction South America 2011, a Conferência Sul - Americana da área, que esse ano acontecerá em Belo Horizonte.

- Como surgiu seu interesse pela área de Design?
Apesar de ter uma mãe formada em Belas Artes e professora de Artes e Desenho Geométrico, nunca tinha tido interesse pelo assunto. Sempre tive curiosidade por política, história, ciências sociais e afins e, por isso, decidi fazer o curso de História. Só que nesse meio tempo acabei indo trabalhar em uma empresa de WEB e foi lá que meu interesse pela área foi despertado. 

- Como o investimento na pós-graduação em Design de Interação tem contribuído na sua carreira profissional?
Trabalhei como web designer por um bom tempo, até conhecer um profissional, que me apresentou os conceitos sobre Experiência do Usuário, área que reúne uma série de disciplinas, dentre elas, o Design de Interação e a Arquitetura de Informação.

Daí pra frente, meu interesse só aumentou e passei a estudar sozinho sobre conceitos e técnicas de usabilidade. Foi então que descobri o Caio César e o Daniel Alenquer, professores do IEC PUC Minas, que estavam começando a organizar uma série de eventos e projetos ligados a Usabilidade em Belo Horizonte, como a  especialização em Design de Interação.

Fazer esse curso, que até então era o único sobre o tema no Brasil, coordenado por dois profissionais tão bons, foi inevitável. Através da pós-graduação pude contextualizar, aprender a aplicar tudo o que vinha estudando sozinho enquanto atuava como web designer.

Através do curso, conheci a empresa Mapa Digital, uma das poucas especializadas em pesquisa e experiência do usuário em Belo Horizonte, e passei a trabalhar desenvolvendo trabalhos de Arquitetura de Informação e Design de Interação para projetos de grandes e importantes clientes.

A transição do web design para a Design de Interação foi relativamente tranquila, principalmente, porque já possuía algumas das características essenciais para um profissional que trabalha com pesquisa e experiência do usuário: ser detalhista e ter atenção, organização e visão holística. Foi com o trabalho final da pós-graduação sobre metodologias de pesquisa aplicadas no mercado, que fui selecionado para palestrar no 2º Encontro Brasileiro e Arquitetura de Informação (EBAI), em São Paulo, e no Dia Mundial de Usabilidade de 2008, em Belo Horizonte.

- Faça uma avaliação do seu trabalho na área e comente sua experiência atual. Quais são os principais desafios e os frutos desse trabalho?
O meu grande lema sempre foi estudar e entender a fundo os conceitos, técnicas e metodologias da área, não só pelo lado profissional. Realmente gosto do que faço e ler a respeito do assunto é um grande prazer, que não enxergo como obrigação do trabalho. Devido a isso, tive a oportunidade de palestrar algumas vezes, responder a diversas entrevistas de revistas e sites especializados, além de dar aulas sobre a área.

Agora com minha própria empresa, a experiência tem sido incrível, principalmente, porque estamos criando um modelo de empresa e um modo de trabalhar que não se assemelha a nada que experimentamos nas empresas pelas quais passamos. Temos como objetivo levar o Design a um outro nível, muito mais estratégico do que normalmente é visto. Nós pensamos no Design como uma ferramenta para se criar não só produtos, ou seja, artefatos físicos, mas também, serviços, processos e modelos de negócio, utilizando como fonte de inspiração o comportamento das pessoas.

Nosso intuito é projetar não somente para elas, mas com elas, através de métodos de co-criação. Acreditamos fielmente que essa seja a melhor maneira de se criar soluções inovadoras para o mercado e que atendam as necessidades das pessoas. Porém, existem muitos desafios a serem vencidos. Atuar em uma área tão nova traz implicações para os projetos que muitas vezes não são nada agradáveis. Existem os problemas comuns às agências, seja de pesquisa ou desenvolvimento: falta de entendimento nos projetos, briefings enigmáticos, visão imediatista ou limitada de alguns clientes, prazos e orçamentos apertados, etc. Além disso, a maior dificuldade relacionada a trabalhar diretamente com pesquisa e experiência do usuário é a necessidade e a dificuldade de se justificar e argumentar a realização de pesquisas ou mesmo da aplicação dos resultados que elas trouxeram.

- Na nossa reportagem de capa falamos a respeito da importância do profissional desenvolver um plano de ação para conseguir melhores salários dentro das empresas. Onde você trabalha existe alguma iniciativa de plano de carreira para os funcionários e como você vê a questão da remuneração na sua área?
Temos um plano de carreira. Pretendemos atuar de uma forma diferente que as empresas fazem. Não queremos ter funcionários, e sim uma rede de parceiros, que nos permitam maior flexibilidade em ter as expertises que precisamos para as especificidades de cada projeto. E mais que isso, esse modelo nos permite remunerar de forma justa cada parceiro.

Enquanto trabalhava em empresas no mercado, a remuneração foi aumentando à medida que me especializava no contexto mais estratégico da aplicação do Design. Com isso, o valor era mais facilmente percebido pelos clientes e, consequentemente, pelas empresas, apesar da área de Experiência do Usuário ser bastante recente no Brasil. Porém, o problema da falta de planos de carreira no mercado é evidente e bastante grave. À medida que o mercado amadurece isso tende a melhorar, mas o que posso dizer é que atualmente essa questão ainda é bastante precária nas empresas, principalmente no mercado WEB.

- Quais são os seus planos profissionais para o 2º semestre de 2011? Pretende continuar investindo na sua formação?
Sim, pretendo fazer um mestrado na área de Interação Homem-computador. Além disso, pretendo continuar estudando, através de livros, artigos da internet e dos próprios projetos profissionais, como sempre fiz. No segundo semestre também começarei a dar aulas em pós-graduação. Alem disso, dentro da Voël, pretendemos iniciar uma série de mini-cursos e workshops sobre temas específicos do Design de Interação e do Design Thinking.


- Dicas para os profissionais que assim como você querem se destacar no mercado.
Conhecimento conceitual é fundamental nessa área. Afinal, como eu disse, estamos falando de disciplinas com forte embasamento teórico. Mas não falo apenas de aprendizado formal em faculdades ou universidades, pois acredito muito no aprendizado autodidata. Outro ponto é saber que trabalhar com Design de Interação exige que a pessoa tenha uma visão diferenciada e não imediatista das coisas. O designer trabalha em uma etapa onde pensar no futuro ao analisar cada uma das consequências de cada decisão tomada pode ser crucial para o sucesso de um projeto. Para isso, acredito que o acredito que o designer deve procurar desenvolver três características importantes: concentração, visão e comunicação.

16/06/2011

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